sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Santo André vive ambiente às avessas


O time já não ocupa mais a zona de rebaixamento do Paulista da Série A-2. Arnaldo Lira assumiu como treinador, venceu o Catanduvense por 3 a 1, em Catanduva, e arrancou empate (2 a 2) do Rio Branco aos 47 minutos do segundo tempo, no Bruno Daniel. Mesmo assim, o Santo André sofre com problemas internos e o ambiente outrora tranquilo ganhou ares pesados.

O gênio forte do comandante é apontado como motivo central para tal situação, que explodiu na discussão com o meia Sérgio Mota durante o duelo de quarta-feira, contra o Rio Branco, quando aos 31 minutos do primeiro tempo Lira substituiu o jogador por Nequinha, e no intervalo do mesmo jogo, quando o atacante William Xavier também não gostou da substituição (deu lugar a Fábio Santos), sequer voltou ao banco de reservas para a segunda etapa.

Ontem à tarde, na reapresentação do time, Sérgio Mota foi ausência sentida. Segundo o diretor de futebol Juraci Catarino, o atleta foi "liberado para resolver problemas particulares". Como Arnaldo Lira confirmou que não o utilizaria no duelo de amanhã, contra o Barueri, na casa do adversário, ganhou até segunda-feira para solucionar seu caso. Ao mesmo tempo, a diretoria pretende discutir se o meia permanecerá no clube e reunião entre as partes está prevista para quando Mota retornar.

"O atleta, quando é contratado, não há cláusula que diz que tem de ser titular. Não aceitamos que se rebele contra as decisões do treinador. Cabe ao jogador cumprir isso", explicou Catarino.

Já a situação de William Xavier, que gerou rumores de que seria afastado, deve terminar em conversa com dirigentes e comissão técnica. Tanto que ontem treinou normalmente no trabalho de campo reduzido. "Ele não gostou de ser substituído, tem esse direito, mas não concordamos. No caso do William não houve rebeldia, só descontentamento interno. O (Arnaldo) Lira se propôs a conversar com ele e continua no grupo", explicou.

Questionado sobre os estilos de Arnaldo Lira e do antecessor Ademir Fonseca, o dirigente admitiu diferenças e elogiou a primeira semana do novo comandante. "Cada treinador tem um estilo de trabalho. O Ademir (Fonseca) era mais conciliador, estilo paizão, agregador, e o Lira é mais explosivo. A gente tinha conhecimento desta situação. E o trouxemos para haver mudança", disse. "Foi uma semana positiva. O grupo estava precisando desse tipo de comportamento, cobrança e motivação. E os resultados mostram isso. Apoiamos o trabalho dele", concluiu.

Treinador Arnaldo Lira cobra reforços

Diante do Rio Branco, o Santo André não teve o volante Ramalho. Contra o Grêmio Barueri, o time não contará com o zagueiro Otávio. Para cada uma dessas posições, o elenco ramalhino oferece apenas quatro opções, sendo que três atuam como titulares. Assim, o técnico Arnaldo Lira cobra a chegada de reforços o mais rápido possível - até porque o prazo para inscrição de atletas na Série A-2 do Paulista se encerra na próxima semana.

Para o duelo contra o time de Americana, quarta-feira, o comandante teve de sacrificar Bruno Paulo para ganhar outra carta na manga para o ataque. "Na falta de opções, perguntei a ele se aguentava jogar, porque estava voltando de lesão (muscular). Me respondeu que pelo menos 25 minutos. É necessário também ter calma, porque estamos tentando acertar a equipe dentro de competição difícil e sem opções no banco", disse.

Sem Otávio para o jogo de amanhã, na Arena Barueri, caso queira manter o esquema tático 3-5-2 Lira teria de promover a estreia do jovem Juninho Campos, emprestado pelo Avaí. Apesar do potencial do jogador, o comandante se preocupa com a situação. "É garoto, ainda não atuou. É complicado", disse o treinador. "O campeonato é duro, então precisamos ter à disposição no mínimo cinco zagueiros", comentou.

O caso do meio campo é semelhante. Rogério, Ramalho, Jardel e Juninho são as opções como volantes, sendo que os três primeiros atuaram na maior parte dos jogos juntos. "Precisamos de mais um", afirmou. E o pedido deve ser atendido ainda hoje. Um meia defensivo vindo do futebol paranaense chegou ontem à noite e está a detalhes do acerto. "Depende da rescisão dele com seu clube", confirmou o diretor Juraci Catarino.

Outras três posições podem ganhar peças: meia ofensivo, atacante e lateral, este "que jogue dos dois lados", destacou o dirigente. "Mas tudo é questão de disponibilidade."

Aproveitamento ruim em casa preocupa

O desempenho do Santo André como mandante no Campeonato Paulista da Série A-2 é ruim. Apesar da invencibilidade no Estádio Bruno Daniel, em cinco jogos o time venceu apenas um (Velo Clube, na estreia), enquanto empatou os outros quatro (Santacruzense, Capivariano, Monte Azul e Rio Branco). E tal aproveitamento já preocupa os jogadores para a sequência da competição.

"Precisamos nos cobrar ainda mais, porque só uma vitória em casa e quatro empates são muito pouco para uma equipe que pretende se classificar e subir", destacou o meia Luciano Henrique, após os 2 a 2 com o Rio Branco, na quarta-feira.

Porém, neste duelo especificamente o atleta explicou que o resultado tem de ser comemorado, afinal o Ramalhão buscou a igualdade aos 47 minutos do segundo tempo após ficar em desvantagem de dois gols.

"Pelas circunstâncias, precisamos comemorar um ponto que parecia quase perdido. Estávamos com placar adverso em 2 a 0 e com garra empatamos nos acréscimos. Mas, no geral, a situação preocupa", disse Luciano Henrique, apesar de prever evolução do time com o novo treinador. "Estamos no caminho certo, nos adaptando o mais rápido possível ao estilo do técnico Arnaldo (Lira)."

Titular nos últimos três jogos, o meia deixou sua marca em gol de falta contra o Rio Branco. No jogo anterior, diante do Grêmio Catanduvense, participou do segundo tempo de forma semelhante, mas contou com o desvio do zagueiro Samuel. Segundo Luciano Henrique, tal jogada é um dos trunfos do time ramalhino. "Este (gol no Rio Branco) foi igual ao lance contra o Catanduvense, mas lá o zagueiro desviou. A bola parada é sempre uma arma. Gosto de bater em direção da área, porque num desvio o goleiro já fica vendido", encerrou.



Fonte: Diário do Grande ABC (Dérek Bittencourt)

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